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Vento de Fogo
(Editora Casa 29, 2023)
Após enfermidade, um estancieiro de Forquilha Seca, no interior do Rio Grande do Sul, passa a ouvir os mortos. Pelo menos é o que dizem. Dono de terras e com dois metros de altura, ele casa com a filha de seu rival político sem o consentimento dele e, conforme as más línguas, arregimenta em sua estância homens e mulheres com desejo de liberdade. Há quem diga que o estancieiro recruta exército para derrubar a República. Quando um destacamento militar chega, a verdade não importa mais.
 
O almanaque de Lia
(Editora Palavras, 2023)
O inesperado anda à espreita, e quando chega, quase sempre vem para transformar nossos destinos. Naquela manhã, quase igual a todas as outras, Rogério desconhecia esses enredos da vida, até que seu olhar cruzou com o daquela moça distraída que passava por ele... O atropelamento de Lia foi o inesperado que deixou os pertences da garota espalhados pela rua, em especial aquele pen drive atirado aos pés do rapaz. Desse jeito, começa a ser tecida uma história repleta de encontros e desencontros entre esses jovens. O caminho deles é traçado pelo mundo de uma tecnologia capaz de unir, de um jeito ou de outro, a vida de pessoas diferentes.

Trecho:
Rogério ouviu o ruído agudo, de ferir os sentidos.
Em seguida, outro som, seco e com timbre de catástrofe.
Atropelamento.
Ele estava na parada de ônibus e viu tudo, em especial os segundos anteriores ao impacto, quando seus olhos se fixaram na moça. Encantou-se na hora porque, mesmo à distância, achou-a linda. Cabelos castanhos escorridos emolduravam o rosto harmônico. Era alta e o corpo alongado lhe sugeriu perfil de nadadora. Usava vestido florido e tênis. Pendurada no ombro, a mochila. Para Rogério, ela transmitia simpatia, gentileza e frescor. Ele achava que algumas pessoas tinham sempre o aspecto de banho tomado, não importando a circunstância.
 
Um navio na coxilha
(Editora Casa 29, 2022)
Este é o terceiro romance do chamado Ciclo XX do autor porto-alegrense. A história se passa no ano de 1954, em Forquilha Seca, cidadezinha do interior do Rio Grande do Sul. Em uma manhã de inverno os moradores precisam lidar com o aparecimento de uma cargueiro nas proximidades da cidade. O escritor Roberto Bittencourt Martins, autor do clássico Ibiamoré o trem fantasma, afirma: A imagem trazida pelo título já prepara o leitor para uma aventura surreal em que a visão de um grande navio envolto em névoa surge subitamente no mar verde das coxilhas do pampa gaúcho. O espanto da visão nos guiará por uma jornada em que descobriremos uma realidade capaz de ultrapassar as fronteiras do realismo.

Trecho:
Meu pai morreu duas vezes. Primeiro no rio Amazonas, depois aqui, em Forquilha Seca. Por coincidência, suas mortes ocorreram no mesmo dia, um 24 de agosto. Em 1932, ele se finou a bordo do Jaguaribe; em 1954, quando desembarcou do navio. Ele se chamava Edino Saraíba, tinha baixa estatura e dentes muito brancos. A testa larga desencorajava a impressão de possuir a cabeça esférica. Já as orelhas de abano reduziam o raivoso do seu olhar. Conforme mamãe, nas poucas horas em que estiveram casados, meu pai foi carinhoso e heroico.
 
Diário da peste
(Abacatte Editorial, 2021)

Os personagens de Diário da Peste se chamam Jota, Efe, Eme, Agá, Tê, VêÂ… Apenas letras, como os protagonistas de Kafka, em O castelo e O processo. Não é para menos: a epidemia de 2020 criou um enredo absurdo que poderia ser chamado de kafkiano. O cotidiano de Jota, como o de muitos adolescentes, é um caldeirão de redes sociais, notícias, canções, livros, filmes e séries. Mas, neste ano, o garoto se vê diante do medo e da insegurança provocados pelo vírus, que se somam às demais maldades do mundo: a ganância, a violência, a intolerância, o ódio. A válvula de escape, para Jota, pode estar no poder criador da imaginação e da palavra. Incentivado por seu terapeuta, o rapaz, que gosta muito de literatura, arrisca-se a escrever também a sua história.

Trecho:
(Eme está infectada.) Jota sublinha o nome dela.
E agora? Como assim? Vai fazer o quê? Nada. Não vai fazer nada? Ficar em casa.Só isso? Por enquanto. Mas em casa como eu? No quarto. Que nem eu, então. O médico usou uma palavra bacana. Qual? Segregada. Tipo afastada de todo mundo, até dos pais? É isso aí, tipo prisão. E os teus pais? Eles fizeram o teste e deu negativo, mas estou preocupada é com outra pessoa. Imagino. E não consigo contato com a Efe.
 
Dias de água
(Editora Casa 29, 2021)
Porto Alegre, 1941. Chuvas persistentes em abril e maio provocam enchente nunca vista na história da capital gaúcha. Ruas e avenidas nas proximidades do Guaíba são alagadas e milhares de pessoas se veem obrigadas a sair de suas casas. Indústrias e comércios são inundados, precisando fechar suas portas. Os prejuízos são incalculáveis. Nas semanas em que a cidade experimenta o caos líquido, várias histórias se entrecruzam: assassinatos, intrigas, exemplos de solidariedade, movimentação de nazistas e um romance tão vulcânico quanto proibido.

Trecho:
Apanhou o chapéu e saiu.
Disse não se sentir muito bem e ganhou a rua. A mentira o oprimiu. Andradina, sua esposa, vivia dizendo Juízo, juiz e agora era possível ouvi-la enquanto avançava pela calçada molhada. As pessoas transitavam nos seus respectivos fluxos, os autos buzinavam e rugiam os motores, indiferentes.
Por sorte a chuva interrompeu sua faina diária, porque na pressa de deixar o prédio do Tribunal, esquecera o guarda-chuva. O céu mantinha o humor dos últimos dias: cinzento, pancadas ocasionais, promessas de mais água. Mas pouco importava a Theodomiro Campos de Azevedo se as condições atmosféricas piorassem. O peito estava agitado, o corpo todo sofria as contrações do inesperado processo rejuvenescente. De estatura mediana, elegante barriga e grisalho, o juiz era vítima da paixão.
 
Bandida!
(Ateliê da Escrita, 2020)

Ré ou vítima? Inocente ou culpada? Meninas que agem como adultas. Mulheres que agem como crianças inconsequentes. Afinal, o que é certo e o que é errado na luta pela sobrevivência?

Trecho:
Sua neta não vai ao colégio há semanas.
E sem muitos pudores o policial retorna ao dormitório e se abaixa, só para o caso de a menina estar escondida embaixo da cama.
Mentira.
Ergue-se. Tem dias em que preferia ter seguido outra carreira.
Pelo que já conseguimos apurar, sua neta tem envolvimento com pessoal da pesada e eles ficam nas imediações do Pombal.
Ai, meu Deus, quanta bobagem... Rá, rá!
Já houve denúncias contra a sua neta, senhora.
Atira as mãos ao alto.
Contra minha Renatinha? Por favor...
Perturbação da ordem.
Mentira.
Associação com tráfico de drogas.
 
Timbirupá
(Editora Casa 29, 2020)
 

Timbirupá se passa em dois dias de outubro de 1930, momento em que Getúlio Vargas está a caminho do Rio de Janeiro – então capital federal – para tomar o poder. Mas a revolução é só pano de fundo. A narrativa mostra o cotidiano dessa cidadezinha, localizada em região remota do Brasil. Naquele curto espaço de tempo, ocorrem dois assassinatos, um tornado, e uma catástrofe dantesca.

Trecho:

Timbirupá é um arbusto espinhoso, cheio de unhas em forma de meia-lua e espinhos agudos. Na língua Yatukuwé o nome significa “punho cerrado do mau” ou “punho fechado do diabo”.

Seu tronco é curto, ramificado, de casca rugosa, e nele predominam as curvas. A copa é arredondada, de forma oval e irregular. A espécie produz seiva leitosa que exsuda por toda a planta. A seiva quando fervida e destilada, transforma-se em aguardente ácida e poderosa.

Rabiscos
(Editora Positivo, 2019)
 

Finalista do Prêmio Jabuti

Selo Altamente Recomendável FNLIJ 2020

Uma narrative feita em pedaços, como rabiscos, de uma história que precise ser completada. Mas que, na situação de um menino narrador-escritor, ainda não ganhou formas amadurecidas de escrita. Um conto que não se disfarça em utopias de bondade ou emu ma tribuna de divulgação da felicidade infantil.

Trecho:
 

Era quase meia-noite, não tinha ninguém na rua, só os latidos dos cachorros.
Fomos correndo rua acima até a avenida, até a parade do ônibus, e eu pensei: “Será que tem ônibus a essa hora?”
Fazia frio.
Eu corria e tava muito preocupado com o barrigão dela.
Minha irmã ali dentro.
Devia estar acordada também, chacoalhando, balançando com toda aquela correria.
Imagina se ela resolvesse nascer?

Cotidiano, paixões & outros flashes
(Editora Lê, 2019)
 
Selo Altamente Recomendável FNLIJ 2020

O livro conta com dezenas de poemas mínimos que o autor chama de Haiquases (uma referência ao tradicional Haicai). Os temas centrais da obra são as paixões, a natureza e os variados universos da cidade e do cotidiano.

Trecho:
 

espanto urbano:
ipê chove roxo
sobre a calçada 

seu biquíni
pinga no varal
o fim do verão 

passarinho de costas
no asfalto:
a morte foi mais veloz

100 mil seguidores
(Editora Casa 29, 2019)
 
Finalista do Prêmio Jabuti.

Carolina sonha com mais seguidores e não teme a exposição. Ana, sua irmã menor, se tranca no escuro do quarto e abraça a solidão. Ticiana, única amiga de Ana, enfrenta seus demônios com uma lâmina e caminha para um ato dramático. Três meninas à deriva em uma pequena cidade do interior. Mergulhadas nas redes sociais, navegam em um mar cheio de armadilhas, onde o glamour e o fake aparecem misturados. Em 100 mil seguidores, essas meninas vão se surpreender quando derem de cara com a realidade.

Trecho:
 
Manda foto, Ticiana pede.
Passa da 1h00.
Ana experimenta estranha calma. Aponta o celular e envia foto à amiga. Três riscos vermelhos de 6 cm de comprimento. Bem parecido com os de Ticiana.
Só três?
É.
Como foi?
Legal.
Duas lágrimas despencam pelo rosto de Ana.
80 degraus
(Ed. Palavras, 2018)

Finalista do Prêmio Jabuti.

Nesta novela policial, Luís Dill cria uma narrativa intimista em que as principais ações ocorrem na mente do narrador. Com essa estratégia, o leitor é envolvido na história de tal forma que se torna cúmplice ou testemunha dos fatos. A trajetória tensa, feita em frenesi, é intensificada pelas imagens do artista Paulo Otero e conduz a um final surpreendente.

Trecho:
 
O prédio é igual a tantos outros deste Brasil. Em suas escadarias, a qualquer momento, a luz pode faltar, deixando na escuridão os sujeitos que por ali sobem e descem. Sobram ruídos, de crianças, de casais em desacordo, das convivências e seus conflitos.
Guri do cimento
(Editora Casa 29, 2018)
 

O livro acompanha o dia de um menino sem família que sobrevive ao ambiente por vezes hostil da rodoviária de uma grande cidade. Sua jornada é marcada por humor, esperteza e, sobretudo, esperança. O otimismo do menino é revelado até em momentos de perigo.

Trecho:
 
A moça encontra a niqueleirade couro nas profundezas da bolsa.
- Deus te abençoe, moça, ninguém sabe o que é passar fome. Opa, só um real? Unzinho só? Não tem mais nada, não?
Ela faz cara de braba, puxa outra moeda.
- Ah, mais cinquenta centavos, agora sim, Deus te abençoe, moça.
Minha camisa amarela de flanela
(Editora Casa 29, 2018)
 

Sabe aquela roupa que a gente nunca quer tirar do corpo? A nossa preferida? Que parece nos abraçar e nos embalar? Pois é. Este livro conta a história de uma camisa muito especial. Ele fala também de carinho e de saudade. 

Trecho:
 
ah, como eu lembro
da minha camisa amarela de flanela.
 
Tão bela era ela,
de mangas compridas
e lindos botões feito aquarelas.
 
Na frente,
dois bolsos,
um de cada lado,
e sempre em amarelo.
Qorpo-Santo diabos e fúrias
(Editora Artes e Ofícios, 2016)
 

No dia 26 de agosto de 1966 foram encenadas três peças de Qorpo-Santo em Porto Alegre.
A histórica noite marcou a redescoberta do dramaturgo gaúcho, 100 anos depois que ele escreveu tais textos.
Qorpo-Santo, diabos e fúrias é um romance escrito com base naquela referida noite e com base na vida e na obra de Qorpo-Santo.
O livro faz um link com as manifestações de 2013 e apresenta uma estrutura diferenciada, com depoimentos de gente das letras e dos palcos, incluindo-se aí dois protagonistas da histórica noite: o diretor e o compositor da música de cena. 

Trecho:
 
Rajadas de vento começam a ser ouvidas do lado de fora do auditório Armando Albuquerque. Em mau estado, o prédio dá a nítida impressão de vacilar em suas estruturas, em especial no telhado.
Olívia: Gente!
Melissa: Pelo menos ainda não faltou luz.
Olívia: Será que o vento vai arrancar as telhas?
Enrique: Esse é o país da Copa. Estádio bonito e novinho tem. Já teatro que é bom...
Dick Silva no mundo intermediário
(Editora Pulo do Gato, 2016)
 

Um jovem acorda na Sala de Interrogatórios do Departamento de Capturas do 10ª Distrito. Não sabe como nem por que está ali. A cabeça parece explodir de tanta dor.

Descobre, consternado, que tudo o que vê está em preto e branco, como nos filmes antigos. Teria voltado no tempo? Para piorar a situação, um policial mal-humorado sentencia: "Você morreu, garoto".

Assim começa a jornada de Dick Silva em um ambiente inusitado, cheio de personagens improváveis e, por vezes, letais. 

 
Trecho:
 
O menino ajeitou-se na cadeira. Por alguma razão, começou a temer. E a tremer. Mãos e joelhos, em suave e angustiante tiritar. Sua intuição lhe sussurrou para se preparar.
- Vou ser direto garoto. Talvez não seja a melhor maneira, mas, veja, olhe essa pilha de documentos, relatórios, reclamações, solicitações, pedidos de transferência, processos... Estou atolado na papelada.
- Tudo bem...
Suspirou e falou com voz precisa:
- Você morreu, garoto.
Jubarte
(Editora do Brasil, 2016)
 
Um ato violento e um muro pichado. Vizinhos comentam, desconhecidos cochicham, todos julgam e sentenciam. Refugiado na casa da tia, Rafael descreve seus dias. Além das visitas dos pais, existe Bel, que enxerga através dos muros e jardins que formam o labirinto em que ele se encontra agora. Uma história cheia de mistérios e reviravoltas é o que espera o leitor neste livro carregado de suspense, segredos e revelações surpreendentes.
 
Trecho:
 
Fulano assassino!
Foi escrito no muro da nossa casa.
Devem ter pichado durante a madrugada, quando eu e meus pais estávamos dormindo. Luque, o nosso vira-lata, não viu nem ouviu nada. Devia estar sonhando profundamente, caso contrário teria acordado a vizinhança. Ele é pequeno, mas goeludo.
Fulano assassino!
Camisa 10 em perigo
(Garamond, 2015)
 
Ninguém em Guapuruvu do Sul tem dúvida de que Ferdinando Lima se tornará um astro do futebol. Porém, na saída da escola, ele sofre um atentado a tiros. Por sorte sai ileso. A partir daí um grande mistério precisa ser resolvido. Quem tentou matá-lo? Por quê? O jovem atacante esconde algo? Neste livro ainda vamos conhecer Marco Antônio, autor de um blog que fará um passeio pela história da Olimpíada; Laura Regina, a melhor amiga dele e que pretende ser mais do que apenas “amiga”; Kátia Cristina, a musa de Marco Antônio e excepcional nadadora; delegado Amâncio, um homem meio esquisito mas muito perspicaz; e o jornalista Juliano Kaiser, disposto a de svendar a verdade a qualquer custo. No final, muitas reviravoltas em uma narrativa medalha de ouro.
 
Trecho:
 
No primeiro momento ninguém em frente à Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Padre Réus entendeu que aqueles estouros eram tiros. Escapamento de um carro velho, bombinhas, não faltou até quem pensasse em marteladas na obra em frente. Estavam todos enganados. Foram disparos. E os projéteis tinham endereço certo: Ferdinando Lima, 15 anos, o astro do time do colégio. Ele, aliás, foi o único a perceber a aproximação em baixa velocidade do sedã escuro. Colegas, pais e professores deixavam as dependências da escola despreocupados como sempre fora despreocupada a vida em Guapuruvu do Sul.

O telephone
(Gaivota, 2014)

Histórias paralelas se desenrolam simultaneamente, mas em tempos diferentes. Como isso é possível? Quando Vitor Hugo recebe de seus pais um presente inusitado, um telefone preto, bem antigo, coisas estranhas começam a acontecer.Ligações misteriosas são recebidas e o garoto descobrirá detalhes de um passado inimaginável e que trouxe reflexos inclusive para o seu presente.

Trecho:
Uma a uma, Vitor Hugo enfia as balas no tambor do revólver calibre 38, cano de quatro polegadas. São seis projéteis no total. Frios e pesados ao toque. Corpos magros e dourados terminando em chumbo abaulado nas pontas. Pensa: onde está Amanayara? Ele tem 16 anos e consegue perceber com muita nitidez o poder ali concentrado. São balas para matar um homem.

 

Zona de sombra
(Artes e Ofícios, 2014)

Tamara corre para salvar sua vida. Simples assim. O que era para ser uma noite agradável se transforma em pesadelo quando ela presencia algo inusitado na entrada de um concerto de rock. Na fuga a jovem se esconde em prédio de aspecto sombrio. Os dois primeiros pisos são habitados. Os dois últimos não. E a partir do momento em que ela entra no edifício, começa um jogo de gato e rato. Por trás de cada porta se escondem diversas possibilidades que vão do divertido ao assustador, do improvável ao fatal. Em Zona de sombra o ritmo é frenético e o desfecho da aventura se desdobra em muitos finais diferentes.

Trecho:
Tamara corre.
Ouve novos estouros parecidos com o estalar de pipocas de micro-ondas. Mas ela agora sabe que não é nada tão delicioso ou ingênuo. Sim, são tiros. Ela se volta com rapidez e os vê. Vestem uniformes marrons e, de fato, estão armados.
Tamara corre.

Longe, tão perto
(Ed. Zit, 2014)

Neste livro o personagem central ainda não nasceu. Curiosamente é ele quem conta como os pais se conheceram depois de tantos desencontros.

Trecho:
Primeiro vamos deixar as coisas bem claras: eu não nasci ainda.
Sério, acreditem.
Mesmo assim, posso contar o que aconteceu antes da minha chegada ao mundo. Como?
Calma, depois eu explico.
Vamos por partes, tá bom?

Safári
(Ed. Rocco, 2014)

Uma série de crimes atinge a Vila da Fumaça. Pessoas estão morrendo como animais abatidos num safári. São tiros de longa distância com arma precisa e de grosso calibre. O assassino? Esse é também um animal, mas animal terrestre e com os pés no chão.

Trecho:

No instante seguinte está aterrisando no chão, um metro adiante.
Morto.
O peito tem o furo do tamanho da moeda de dez centavos que lhe escapa do bolso após o impacto.
Nas costas, o buraco de saída da bala é irregular, mas capaz de abrigar uma bola de tênis.

Na companhia de Ágata
(Artes e Ofícios, 2014)

Cláudio assistia a um filme de zumbis quando Ágata bate na porta. A moça está atrás do antigo morador do apartamento e quer encontrá-lo a qualquer custo. A partir daí Cláudio resolve fazer companhia para Ágata. Ele só não desconfia que ao tentar ajudá-la ficará frente a frente com caras ferozes e rápidos no gatilho. Os dois precisarão de muita agilidade para escapar das balas e das perseguições. No final desta novela policial, os leitores vão encontrar um depoimento do autor, no qual ele revela todos os detalhes da confecção do texto, igual aos extras que vêm nos DVDs.

Trecho:

Foi assim:

Cláudio ouviu batidas na porta. Três em intensidade crescente.

Apertou a tecla Pause. Um dos zumbis do filme alugado congelou com cara satisfeita. Dos cantos da boca do morto-vivo podia-se ver consideráveis lascas do crânio da mocinha loira que há bem pouco havia se escondido no interior do closet da mansão vitoriana nos pântanos da Louisiana. Má ideia.

Mais batidas na porta. Outras três, estas mais uniformes. Altas.

O menino conferiu o relógio no aparelho de dvd. Marcava 15h42min. Quem poderia ser àquela hora? Levantou do sofá da sala do apartamento e foi ver.

Espiou pelo olho mágico e viu a mulher de mochila. Mulher não. Uma guria. Calculou em 16 anos a idade dela. Cabelos escuros, presos, deixando a mostra orelhas salientes. Olhos castanhos, claros. Se tivesse de defini-la de modo rápido não saberia se marcava na opção Bonita ou na alternativa Feia. Mas a expressão severa era bem nítida.

Meia dúzia de tiros e um pandeiro vacilante
(WS Editor, 2014)

A missão de Inácio é simples: levar todos os dias a marmita para o pai, que trabalha no presídio. Só que no meio do caminho algo chama sua atenção. É o samba de roda no boteco do seu Ludovico. Dividido entre os afazeres cotidianos e a música contagiante, o menino também precisa lidar com a falta da mãe, com a dureza da avó e, pior de tudo, com uma turma de bandidos.

Trecho:

Paro.

Preciso entrar à esquerda agora, e ir direto ao serviço do meu pai. Mas ouço algo vindo da minha direita. Espicho o pescoço, tento apurar minha audição. “Será que já começou?”, pergunto a mim mesmo em voz alta. Melhor, chegar mais perto, um passo, dois passos, sim, já consigo ouvir o som do violão, do cavaquinho, do pandeiro e se eu prestar bem atenção posso até mesmo ouvir alguém tirando ritmo de uma caixa de fósforos, tum-que-ti-tum-que-ti-tum.

“Não te mete na Rua do Folguedo!”

É o que minha avó sempre repete.

Final de linha
(Scipione, 2013)

Dois jovens se encaram dentro de um trem. Cada um deles possui problemas graves a resolver, mesmo assim Guilherme e William encontram brechas em seus pensamentos para cultivar uma antipatia mútua baseada em seus próprios preconceitos. As consequências do encontro poderão ser devastadoras.

Trecho:
As paredes internas do vagão são bege ou amarelo-pálido. Alguém que fumava na plataforma trouxe consigo cheiro e resquícios de fumaça. ATENÇÃO! NÃO FUME. São 17h05, horário brasileiro de verão. É quinta-feira. Junto da janela um jovem lança olhares investigativos em direção ao rapaz voltado para ele, sentado mais adiante. Seu nome é Guilherme. Tenta decifrar o outro, que se chama William. Estão sentados em diagonal, em diferentes fileiras de bancos.

 

 

Labirinto no escuro
(Positivo, 2013)

O jovem Nicolas acorda e se descobre deitado e amarrado. Não sabe onde está. É um quarto. O branco domina o ambiente. Pessoas que nunca viu aparecem e começam a conversar com ele. Aos poucos ele vai tomando contato com a realidade. O pior é a saudade da família. Com o passar dos dias as certezas de Nicolas começam a ruir.

Trecho
Fica em alerta.
Apesar da ansiedade, Nicolas se mantém calado, a respiração paralisada.
O vulto se aproxima. Ainda indistinto.
Pisca várias vezes. Aí ouve:
- Acordado, eu presumo.
A voz é agradável.
- Sou o doutor Pontes. Bem-vindo ao Instituto.

Por trás das chamas
(Editora do Brasil, 2013)

É verão no litoral gaúcho. Verônica conhece Diego, apaixona-se, descobre um mundo novo, experimenta sensações novas. Vê e vive coisas boas. Vê e vive coisas ruins. Para além da fogueira do luau na praia, por trás das chamas, Verônica sorri, chora, cresce e sonha.

Trecho
Verônica sente o mesmo friozinho de antes molhar as paredes do seu estômago, sua idiota, ela se xinga lá no fundo do seu pensamento, o friozinho se espalha, mas não a impede de dizer, não, não, tu tá indo bem se a tua ideia é essa mesma, ou será que tu tá só a fim de curtir com a minha cara? A tua cara eu já curti, Diego rebate e acrescenta que curtiu todo o resto também. Ela ri, sacode os ombros, lá vem as covinhas nas bochechas, tu é sempre assim? Ele força um rosto sério. Só quando tenho um bom motivo.

Eros e Psique - uma história de amor
(Mundo Mirim, 2013)

Este reconto, do clássico mito grego, convida o leitor a refletir sobre a importância do enfrentamento das dificuldades, o poder destruidor da inveja e a força do verdadeiro amor.

Trecho:
Pã, o velho sábio, estava sentado tranquilamente numa ribanceira. A menina ao seu lado lançava pedrinhas no córrego, fazendo-as quicar na superfície da água. Ela parecia aborrecida en quanto esperava por seus pais.
- Por que não me conta uma história? - ela perguntou.
- De que tipo? - o homem sorriu.
- Uma que faça o tempo passar mais rápido.
Ele riu.
- Sou velho, conheço várias histórias. Que tal uma de amor?

Gritos na noite
(Mundo Mirim, 2013)

Este volume da coleção Cara e Coroa é mais uma empolgante obra que apresenta duas histórias: uma clássica e uma contemporânea, as quais vão surpreender o leitor. Na primeira, temos a certidão de nascimento dos contos policiais em "Os assassinatos da rua Morgue", de autoria do norte-americano Edgar Allan Poe, considerado o precursor do gênero. Já em "Gritos na noite", Luís Dill faz uma releitura do conto clássico, onde na primeira parte temos quase que uma paródia, e na segunda parte uma continuação da história relatada sessenta anos depois. Em ambas, o leitor envolve-se em textos que os tornam cúmplices das investigações.

Trecho:
Encontrei a morte pela primeira vez no verão de 1953. Eu tinha 15 anos na época e creio ser impossível para qualquer pessoa esquecer tal experiência, sobretudo levando-se em conta a macabra circunstância de minha reunião com ela.

Destino sombrio
(Seguinte, 2013)

Passado, presente e futuro estão eternamente atados pelos laços da consequência. Um romance frustrado, uma viagem repleta de agonia, um encontro revelador. Em Destino sombrio Gildo se defronta com com seus fantasmas enquanto o suspense aumenta até o final surpreendente.

Trecho:
O motor de um carro atrai a atenção dos dois. É uma Blazer da Polícia Rodoviária Federal. O azul-escuro e as faixas laterais amarelas brilham ao sol. Estaciona bem na frente da porta de entrada. Gildo congela.
- Fez alguma coisa errada - ela pergunta ante a óbvia reação dele.
- Eu? - diz afoito.

Decifrando Ângelo
(Ed. Scipione, 2012)

Uma tragédia ocorre no interior de uma escola. O ato violento provoca perplexidade em todos. Para tentar entender o que se passou, um aluno usa sua câmera de vídeo e produz o documentário do título.

Trecho:
Na hora a grande maioria não entendeu o significado do estouro. Alguns risinhos foram ouvidos, desenhados pelo susto. O silêncio posterior deixou o ar cheio de uma áspera expectativa. No minuto seguinte o grito agudo da funcionária pôs fim à inocência. Todos se assustaram. E ninguém mais esqueceu o som.
Enquanto você não chega
(Editora do Brasil, 2012)

A chegada de um novo bebê é especial e cheia de expectativa. É nesse cenário que um menino espera pelo irmão e arranja um jeito diferente de apresentar a família ao novo integrante. No 34º livro de Luís Dill sensibilidade e criatividade ganham vida através das ilustrações de Flávio Fargas.

Trecho:
A família toda na maior ansiedade.
A barriga da minha mãe daquele tamanhão.
Bom, o mais correto é dizer da nossa mãe.
É, você vai ser meu irmão.
E você vai chegar a qualquer minuto.
Sem mais nem menos
(Ed. Ática, 2012)

A pequena Luísa pede que Mauro lhe conte uma hitória. Tem de ser inédita e não pode ter fada. E agora? Como é que ele vai fazer para agradar a filha de sua namorada? É aí que entram em cena figuras como Mário Quintana e Carmem Miranda, entre outras personagens famosas.

Trecho:

- Sabe contar história? - ela deu novo passo dentro da escuridão que parecia envolvê-los.
Mauro esperou explicação para a pergunta. Nada. Só os grandes olhos castanhos sobre ele. A menina também tinha cílios compridos.
- Acho que sim, quer dizer, sei lá. - Aquilo o atrapalhou. "Contar uma história? Será que ouvi direito? Aonde ela quer chegar?"
- Conta, então.
A dor mais afiada
(Ed. 8Inverso, 2012)

Neste romance em mil capítulos, o mecânico Douglas comete um crime e foge. Na sua escapada tentará se compreender e encontrar o amor verdadeiro.

Trecho:
Capítulo um:
Correr para algum lugar pode ser a pior coisa do mundo.
E chegar nem sempre é uma maravilha.

Capítulo dois:
Achei melhor fazer como já tinha visto nos filmes da TV.
Por isso saí e comprei as luvas de borracha. Estavam em promoção.
O estalo
(Editora Positivo, 2010)

Um prédio em construção desaba e dois jovens ficam soterrados. Ninguém sabe onde eles estão. Enquanto aguardam socorro vão se conhecendo melhor em conversa às vezes tensa e reveladora.

Trecho:

- Por que eles iriam nos procurar logo aqui?
- Bom... eles... podem...
- Não, Rui, eles não podem não. Eles não têm como saber que a gente tá aqui.
- Pois é, mas...
- Nem eles nem ninguém, Rui.
- Calma, Júlia. Chorar não vai melhorar as coisas pra nós. A gente precisa manter a calma.
- Ninguém sabe... que a gente.... tá... aqui...
 
Estações da poesia
(Editora Positivo, 2010) Vencedor do Prêmio AGEs 2011.

Nesta pequena coleção de textos, as estações do ano são homenageadas com uma boa dose de sensibilidade, humor e beleza. Tudo na brevidade e na precisão de um quase haicai, tipo de poema japonês que geralmente trata da natureza e das estações do ano, como é a intenção deste livro.

Trecho:

No verão
o guarda-sol, as vezes,
aguarda chuva

Plátanos sem folhas
semeiam fogueiras
pelo chão

Corra, Bernardo, corra!
(Editora Positivo, 2010)

Bernardo precisa sair do prédio onde mora o mais rápido possível, mas o elevador não funciona e então ele precisa descer as escadas. Como o garoto conhece quase todo mundo no prédio, os moradores vão atrasando a sua fuga. No final uma grande surpresa.

Trecho:
Bernardo achou melhor sair do apartamento.
Estava sozinho: o pai no trabalho, a mãe no trabalho, a irmã do meio no colégio, o irmão mais velho na faculdade, a avó não sabia onde. Bernardo não tinha medo de ficar sozinho, mas, mesmo assim, achou melhor sair.


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